Moto na chuva! Dicas de motociclistas experientes!

Em Motos e scooters por André M. Coelho

Um dia desses, andando de moto em um temporal, um rio estava descendo por uma rua perto da minha casa. De moto e já encharcado, tentei passar pela calçada da rua, antes que o nível da água aumentasse, mas não deu. Tive que retornar na contramão. Uma patrulha da PM estava descendo a rua, e eles queriam me multar por estar na contramão. Chamei o bom senso do PM, afinal, se eu seguisse em frente ou parasse minha moto na rua, eu corria um sério risco da água me carregar e carregar a minha moto. Foi uma decisão sensata, não tentar passar pela grande quantidade de água. Usei um caminho diferente, e cheguei em casa.

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Os riscos da chuva para motos

Ao não arriscar passar pela rua, eu estou fazendo uma análise do risco sensata, na direção defensiva. Se eu não posso ver onde minhas rodas estão passando, os riscos de eu cair em um bueiro, buraco, ou outro obstáculo, são muitos. Não tinha como esperar, e a decisão mais sensata foi voltar na contramão. Afinal, moto não tem ré, como vários carros estavam fazendo. Mesmo em trilhas e competições off-road, os melhores pilotos recomendam tentar fugir de rios e córregos, ou só passar sobre eles quando você vê o fundo.

Meu exemplo não é para te ensinar a ir na contramão quando chove forte. Mas é ensinar a fazer uma análise de risco, planejamento. Eu não planejei meu trajeto bem: poderia ter subido a rua antes de ter tentado passar por ela, por exemplo. Mas corrigi meu erro fazendo uma análise da situação e refazendo meu trajeto de forma segura.

Você vai ver que nossas dicas abaixo, que obtive em conversas com outros pilotos de motocicleta e por minha própria experiência com direção em chuvas, vão ser muito sobre planejamento e prevenção de problemas para motos em chuvas. E é assim que tem que ser, porque quando você tiver um problema de moto na chuva, os resultados não são nada agradáveis.

Capa de chuva para moto

Antes de qualquer coisa, certifique-se de ter o vestuário adequado para andar de moto na chuva, mesmo quando não estiver chovendo. Deixe esse kit guardado, composto por bota ou capa para bota, calça, e blusa, todos impermeáveis. Vale um conselho: invista em roupas impermeáveis de qualidade, porque as ruins não aguentam nem 10 minutos de chuva. Minha roupa para chuva foi bem cara (o kit completo), e eu só fiquei molhado quando enfrentei 5 horas seguidas de chuva torrencial na estrada. A blusa, preferencialmente, tem que “entrar” por baixo do capacete, protegendo seu pescoço. Isso tudo foi parte do planejamento de viagem de moto, menos eu estar morrendo de frio no final da viagem.

Veja nessa rodovia que há uma camada grande de água na pista. Reduza pela metade sua velocidade, para evitar a aquaplanagem. (Foto: www.youtube.com)

Pneus de chuva para moto

Motos esportivas, principalmente, tem menos sulcos nos pneus. Esses sulcos são justamente o que você precisa para evitar derrapagens e quedas por causa da aquaplanagem. Nunca saia com a moto com os pneus lisos, ou com os pneus desgastados, durante chuvas. O mesmo vale para pneus novos, que ainda tem silicone protetor na borracha.

Preste atenção no trânsito

E desligue qualquer eletrônico que você esteja usando para ouvir música ou atender ao celular. Não dirija sobre a tinta de sinalização na estrada, nem sobre superfícies de metal, bueiros, e tampas de esgoto. Tente dirigir em uma linha reta longe da “linha” das tampas de bueiro. Essas partes ficam vulneráveis a ceder e a perder as tampas durante chuvas mais fortes, e o motociclista pode cair, se machucar, ou até morrer.

Sobre a sinalização, um fato: na Fernão dias, em Minas Gerais, e toda a BR-267, a sinalização era muito escorregadia. Não sei se mudou, mas quando fiz uma viagem de Juiz de Fora até Varginha, e peguei chuva a viagem inteira, sempre que passava por cima da sinalização a moto perdia estabilidade. Um perigo imenso!

Cuidado com as poças

Não dá pra saber se uma poça tem alguns milímetros de profundidade ou se é um buraco enorme. Na dúvida, passe longe delas.

https://youtu.be/1a8fQwpQk64

Arco íris colorido no chão: óleo e sujeira na pista

Quando a chuva começa pela primeira vez depois de muitos dias de tempo seco, é quando ele é mais perigosa, já que há uma grande quantidade de óleo e sujeira na estrada. Espere uma ou duas horas para a chuva lavar o óleo/sujeira antes de andar já que o risco de cair é grande. Se estiver apenas chovendo leve, a estrada ficará escorregadia mesmo depois de horas.

O que os pilotos experientes fazem? Recebi dois conselhos diferentes. Um deles aconselhou parar em um motel ou hotel, esperar o início da manhã (quando geralmente pára de chover) e seguir viagem. Outro me aconselhou a reduzir consideravelmente a velocidade, andando entre 60 km a 70 km por hora, desde que meus pneus tivessem muitos sulcos, e eu estivesse prestando atenção completa à estrada, dirigindo o mais reto possível, mesmo nas curvas.

Travessias ferroviárias e trechos com asfaltamento diferente

Nesses trechos, dirija o mais reto possível. Superfícies como o metal, quando molhadas, ficam muito escorregadias. Quanto mais reto você for, menor será o risco de você cair.

Freio de moto durante a chuva

Você já deve ter ouvido falar de algum motorista de moto que deve aplicar a maior parte da força de frenagem nos freios da frente, certo? Quando você precisa de freio na chuva, a regra muda um pouco. Se a distribuição de força era 70% no freio da frente e 30% no traseiro, mude para 55% no freio da frente e 45% no freio traseiro (acione os dois com pouco espaço de tempo entre os acionamentos). Se a sua roda da frente começa a deslizar, você pode soltar os freios e endireitar a moto com mais facilidade, se tiver uma distribuição diferente da frenagem.

Também, na chuva, freie a moto mais suavemente. Se for uma frenagem de emergência, freie “bombeando” o freio, para evitar uma aquaplanagem.

Espaçamento entre motos e veículos durante a chuva

Triplique o espaço entre você e o veículo da frente, mesmo se os motoristas atrás de você reclamarem. Esse distanciamento te dará mais espaço de reação durante uma frenagem de emergência.

Também aumente a distância entre você e o veículo traseiro, preferencialmente ficando no lado direito da pista, perto das faixas de sinalização do acostamento. Um amigo motociclista me deu essa dica: os apressadinhos das ruas e estradas vão ficar colados em você. Se você cai, eles vão passar por cima porque na chuva, não vão conseguir frear. Ficando no lado direito da pista, perto das faixas no asfalto, você fica fora da rota do veículo traseiro. Além disso, motoristas em rota de colisão tendem a jogar o carro para a esquerda por instinto, para se retirar da rota da colisão.

Moto na chuva: cuidados com o tempo dirigindo

Se você dirige quatro horas direto em tempo normal sem se cansar, esse tempo tem que ir para 2 horas durante a chuva. Você fica muito mais cansado porque tem que prestar mais atenção ao trânsito, e corre um sério risco de causar um acidente pelo cansaço.

Seja visível e reduza a velocidade

Isso significa, literalmente, usar roupas claras. Capas de chuvas com reflexivos e cores mais claras são ótimas opções. E não se esqueça de reduzir a velocidade em 20 km/h a 30 km/h do máximo da via. Por exemplo, em rodovias onde a velocidade máxima é de 110 km/h, reduza para 80 km/h ou 90 km/h. Você aumenta seu espaço de reação caso alguma coisa ocorra à sua frente. Se a chuva estiver muito forte, reduza pela metade. No mesmo exemplo, 110 km/h tem que ir para 65 km/h.

Use impermeabilizantes no visor do capacete

Sempre que dirigir na chuva, se prepare para estar com o capacete pronto. Existem sprays e outras substâncias no mercado que você pode passar na viseira para ajudar a água a escorrer.

Procure abrigo quando começarem os relâmpagos

Você não é um pára-raios. Pare e procure abrigo em um posto de gasolina, casa, varanda, bar. Enfim, qualquer lugar que tenha um teto. Fique longe de árvores!

Conduzir na chuva será necessário muitas vezes, e você não deve parar de andar apenas porque está chovendo. Relaxe e aproveite o passeio, desde que tenha segurança completa na motocicleta.

Sobre o autor

O pai de André já teve alguns carros clássicos antes de falecer, como Diplomata, Chevette e Opala. Após completar 18 anos, tirou carteira de moto e carro, comprando então sua primeira moto, uma Honda Sahara 350. Fez um curso de mecânica de motos para começar uma restauração na moto, e acabou aprendendo também como consertar alguns problemas de carros. Seu primeiro carro foi uma Nissan Grand Livina de 2014 e pretende em breve comprar uma picape diesel. No caminho, vai compartilhando tudo que aprende no site Carro de Garagem.

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