Recompra garantida de carros! Como funciona?
Algumas fabricantes de carros estão oferecendo uma promoção onde você compra seu carro e terá a garantia que o carro será comprado de volta, de acordo com o preço da tabela FIPE. Parece ser uma oferta boa demais para ser verdade, e pesquisamos se há alguma pegadinha nesse tipo de promoção para que quem compre um carro por causa desse tipo de promoção não acabe prejudicado.
Entenda um pouco do financiamento de carros
No Brasil temos, basicamente, duas formas de financiar um veículo: financiamento e leasing. Este segundo não faz tanto sucesso entre os brasileiros, porque o carro fica em nome da concessionária, e brasileiro não gosta muito de não ter uma “propriedade”. Isso cria um problema para as montadoras e concessionárias. Por que?
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Porque a maior parte do dinheiro das montadoras e concessionárias vem do financiamento de veículos. Não ter um serviço de financiamento vendendo bem significa que a concessionária e a montadora estão perdendo oportunidades, perdendo dinheiro. Como o leasing não está fazendo o devido sucesso, surge então o financiamento balão, seguindo um quase padrão do financiamento de veículos nos EUA.
Financiamento balão: compramos seu carro de volta!
No financiamento balão, também chamado de CDC balão, temos uma nova modalidade de crédito ao consumidor. Nesse tipo de crédito, o comprador vai pagando as parcelas de um financiamento de carro normalmente, após dar um valor de entrada (até 50% do valor do veículo). O veículo fica no nome do comprador. Na última parcela, geralmente após dois anos de financiamento, o comprador paga 40% a 50% do valor do veículo, o “balão”.
Nesse ponto entra o “compramos seu carro de volta”: as montadoras oferecem a oportunidade de você dar seu carro para pagar essa última parcela e o dinheiro que “sobrar” do valor do carro, você pode usar para comprar um veículo novo na concessionária.
Financiamento do tipo compramos seu carro de volta: exemplo
Usando um exemplo da Revista Quatro Rodas, fica mais fácil de visualizar o que falamos acima. Usaremos como exemplo um carro modelo novo, comprado por R$31.468. Quais são os valores pagos pelo cliente?
30% de entrada: o comprador deve pagar R$9.440 de entrada para comprar o veículo.
40% de balão: isso significa que 40% do valor do carro será pago na última parcela, totalizando R$12.587.
30% de financiamento: 30% do valor do veículo será pago em 23 parcelas de R$700.
Depreciação: ao fim de 2 anos, o carro perderá algum valor de mercado. Para nosso exemplo, o carro desvalorizou para R$23.000.
“Recompra do carro”: ao fim de dois anos, o cliente tem a opção de vender o carro de volta para a concessionária para quitar o balão e usar a diferença de valor como quiser. No nosso exemplo, o proprietário do veículo que vendesse o carro para a concessionária pagaria o balão e ainda sobrariam R$17.413. Esse valor você pode usar de qualquer jeito? Não. E aí entra uma pegadinha dos programas de compra certa.
A pegadinha da compra certa do carro
O valor da diferença não pode ser usado de qualquer jeito. O valor extra só vale como crédito para dar entrada no próximo carro que você for comprar da mesma marca. Se você não optar por essa compra terá que, obrigatoriamente, pagar uma última parcela muito mais cara, e com juros de um empréstimo direto ao consumidor normal. Basicamente, você está pagando a amortização do financiamento de uma vez só, encarecendo o financiamento balão e deixando-o mais caro que um financiamento normal.
Abaixo, um vídeo explicando um pouco do programa CDC Balão da Hyundai:
Mas vale a pena o financiamento balão?
É sempre melhor comprar um carro à vista, que já tenha um ou dois anos de mercado. Financeiramente falando, é a decisão mais sensata a tomar, já que dá pra comprar um carro usado completo no preço de um carro 0 km sem nada. Mas esse é um pensamento racional, e uma situação que nem sempre condiz com a realidade financeira de muitos brasileiros.
O financiamento balão surge como uma opção para quem quer ter um carro de uma dada marca, mas com um financiamento mais acessível. As parcelas são muito baratas, podendo chegar a ser 50% menores do que em um financiamento normal. O CDC Balão é também uma oportunidade para você começar o relacionamento com a marca e, no fim do financiamento, poder ter juntado algum dinheiro e “juntar” com o balão para comprar um carro melhor da marca.
O comprador tem que estar consciente de que estará assinando um contrato com a marca por, pelo menos, alguns anos, pois vender o carro depois de dois anos e pagar o balão é um péssimo negócio. Como disse o pessoal do Flatout!, se o comprador se decepcionar com o pós venda da marca, ou encontrar um outro carro que ele deseja, vai ser frustrante estar preso no CDC Balão.
Nos EUA, esse o sistema de compra de carros é bem parecido, e as pessoas continuam revendendo seus carros para a montadora para comprar um carro mais moderno, ou usam o leasing. Vale a pena pensar nisso.
É válido lembrar também que a responsabilidade sobre o estado de conservação do veículo é toda do comprador, que se for um motorista inteligente, fará pelo menos um seguro do carro.
O que vocês acham sobre o CDC Balão? Vale a pena esse tipo de financiamento? Vocês comprariam um carro no CDC Balão?
Sobre o autor
O pai de André já teve alguns carros clássicos antes de falecer, como Diplomata, Chevette e Opala. Após completar 18 anos, tirou carteira de moto e carro, comprando então sua primeira moto, uma Honda Sahara 350. Fez um curso de mecânica de motos para começar uma restauração na moto, e acabou aprendendo também como consertar alguns problemas de carros. Seu primeiro carro foi uma Nissan Grand Livina de 2014 e pretende em breve comprar uma picape diesel. No caminho, vai compartilhando tudo que aprende no site Carro de Garagem.
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