Só airbag e ABS adiantam? Acorda Brasil!
O número de carros vendidos no Brasil só aumenta. Estamos falando de praticamente dois carros por habitante em nosso país. A indústria automobilística cresce, as opções de compra também. Mais empresas entram no mercado com carros a preço popular e aquecem cada vez mais nossa economia. Nossas estradas sofrem com o aumento do tráfego, as cidades ficam cada vez mais poluídas, a qualidade de vida diminui. E ainda não contabilizei o aumento no número de acidentes.
E este é o ponto principal que devemos tratar. Quando você vai comprar um carro hoje em dia, vários sistemas de segurança que deveriam ser básicos como Airbags, freios ABS, direção hidráulica entre outros são adicionados apenas em versões mais completas do veículo, o que adiciona um valor final muito mais alto a um carro que deveria ter um preço popular. Por buscar uma maior segurança, principalmente quando temos famílias e prezando pela vida de nossos entes queridos, gastamos mais em um veículo que nos ilude com estes aparatos tecnológicos.
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Nos ilude porque na maior parte das vezes, eles não farão diferença nenhuma. Isto porque no Brasil não existe nenhum órgão competente para analisar a qualidade e a segurança da estrutura de veículos, assim como outros elementos de segurança. De nada adianta ter freios ABS e Airbags espalhados por todo o interior do carro se em uma batida a estrutura do veículo se deforma a ponto de esmagar todos os ocupantes. E não existe nenhum órgão regulador para analisar esta capacidade de segurança dos carros, ficando a cargo apenas das empresas em testar e avaliar a segurança de cada veículo.
Há pouco tempo atrás, fizeram um comparativo entre um Golf fabricado no Brasil e um Golf fabricado na Europa. Neste comparativo, analisaram diversos fatores, como preços, opcionais e principalmente, a segurança. Além de ter um valor final muito mais caro do que o modelo europeu, o modelo brasileiro básico vinha com muito menos itens de segurança e em um crash test (teste de colisão) em condições semelhantes, o veículo brasileiro teve sua estrutura muito mais deformada que seu similar. O que isso quer dizer para nós, brasileiros?
Em primeiro lugar, que nossos veículos são mais caros e feitos com material de menor qualidade. Em segundo lugar, que não há nenhum órgão para fiscalizar esta segurança veicular. Nos EUA, após preocupações constantes e pressão popular, vários são os órgãos e empresas que se preocupam cada vez mais com os testes de segurança dos veículos. Existem inclusive centros de pesquisa voltados para melhorar a segurança nas estradas, calculando o tamanho correto dos guard rails, o melhor material para produção do asfalto e muitos outros elementos de segurança. E em terceiro lugar, o nosso papel de bobo.
Papel de bobo porque a indústria automobilística continua ganhando cada vez mais e crescendo em cima do povo, enquanto nossa segurança e benefícios só diminuem. Não há uma conscientização popular e pessoas morrem nas estradas por causa de um freio que travou, uma barra de direção que não foi feita com um bom material, uma estrutura de aço que foi remendada de qualquer jeito. Se nossa memória bem lembra, Ayrton Senna morreu devido a uma dessas gambiarras. Quantos outros gênios e entes queridos deixaremos ir enquanto a indústria automobilística lucra com isso?
Acorda Brasil!
Sobre o autor
O pai de André já teve alguns carros clássicos antes de falecer, como Diplomata, Chevette e Opala. Após completar 18 anos, tirou carteira de moto e carro, comprando então sua primeira moto, uma Honda Sahara 350. Fez um curso de mecânica de motos para começar uma restauração na moto, e acabou aprendendo também como consertar alguns problemas de carros. Seu primeiro carro foi uma Nissan Grand Livina de 2014 e pretende em breve comprar uma picape diesel. No caminho, vai compartilhando tudo que aprende no site Carro de Garagem.
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